POR SILVANA TOAZZA
A Osteria Della Colombina sintetiza a história da imigração italiana, ao conjugar o resgate dos sabores de antigamente, o acolhimento aos turistas em meio aos parreirais, hortas e pomares, e ao representar a superação de uma família que buscou nas origens sua fonte de sustento.
Viúva e com quatro filhas, em 2001, Odete Bettú Lazzari utilizou o apelo das paisagens rurais, na Linha São Jorge, em Garibaldi, e viu no porão de casa a moldura afetiva para abrir um restaurante, ou “osteria", termo italiano que designa local rústico, no qual se come comida típica e se bebe vinho.
Adotou no nome e no cardápio um chamariz que aprendeu de berço: as colombinas, pombinhas feitas de massa de pão que são a atração de adultos e crianças.
Dona Odete ministrando oficina Mão na Massa
Essa história deu muito certo, e já são duas décadas de amor à cozinha e à tradição. Para conhecer um pouco mais do que pensa e gosta essa mulher de fibra, o site a convidou a participar da seção "Menu da Vida". Com vocês, Odete Bettú Lazzari, 71 anos. Deliciem-se e se inspirem a ver oportunidade onde antes só havia chão batido e poeira:
Em que ano criou a Osteria Della Colombina e qual a intenção inicial?
Foi criada após dois anos de estudos, em novembro de 2001, com a intenção de resgatar os pratos ou receitas da imigração italiana e proporcionar ao cliente esses momentos de lembranças afetivas.
Como surgiu a ideia do diferencial das colombinas?
Também foi um resgate da minha infância, quando ganhava da minha mãe. Hoje entrego ao cliente como forma de carinho e agradecimento, mantendo viva essa linda tradição, em que as mães da imigração italiana faziam para as crianças da casa.
Chef e dona de receitas apreciadas pelos turistas
Quantas você produz por semana, em média?
De 150 a 200 colombinas
Hoje, como funciona o restaurante e qual o principal público?
Servimos almoços mediante reservas. É servida a sequência de pratos que fazem parte da minha vida, desde a minha infância, ao observar minha mãe cozinhado em dias festivos. São esses os pratos que hoje sirvo a quem vem à Osteria, na qual o ambiente mantém a originalidade, desde o chão batido e os objetos de decoração, que trazem histórias e lembranças da família. 75% da matéria-prima para a elaboração dos alimentos são cultivadas em nossa propriedade, que possui a certificação orgânica e biodinâmica. O principal público vem de grandes centros urbanos de todo Brasil e Exterior, além, é claro, da nossa região. Também integram os clientes casais desde jovens a maduros, famílias e pequenos grupos de amigos.
O que é cozinhar para você?
É um ato de amor, cozinho desde a minha infância. Alimentar as pessoas e cuidá-las sempre foi o meu trabalho.
Uma passagem marcante em sua vida: o falecimento precoce do meu esposo
Um sabor: doce de leite
Um tempero: manjericão
Uma bebida: vinho
Uma sobremesa: sorvete
Um lugar: onde vivo
Um livro: Bíblia
Um filme: Doutor Jivago, ...E o Vento Levou e A Árvore dos Tamancos, entre outros.
Uma causa: fazer o bem sempre
Um sonho: poder viajar mais para conhecer outras culturas e lugares
Um arrependimento: não tenho
Uma música: Vivo per Lei, de Andrea Bocelli, e mais 1 milhão de músicas que aprecio
Passatempo: assistir filmes e ler
O turismo significa: vivências, conhecimentos, experiências... e muito mais
Não vivo sem... ouvir música boa
A Serra Gaúcha representa: uma paixão
Ter investido num negócio próprio é a.... maior autoestima que senti e sinto
2021, o ano... com novos desafios, mas que servem de aprendizados para sermos sempre melhores