POR SILVANA TOAZZA
Economizar energia elétrica é o passaporte para a sustentabilidade empresarial. Um dos caminhos para alcançar uma redução média de 33% na fatura é selar contratos por meio do Mercado Livre de Energia Elétrica, que combina bons preços a fontes renováveis como de energia eólica, solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.
Parece simples? Sim. Mas, então, por que nem todas as empresas aderem a essa alternativa inteligente? Ocorre que o Mercado Livre ainda (ainda, pois a flexibilização do consumo está no horizonte governamental) impõe uma limitação para o acesso, exigindo uma demanda mínima contratada de 500kW (potência) - equivalente a uma conta média mensal de R$ 140 mil.
Você, empresário, que ainda não tem uma capacidade instalada que garanta tamanho consumo de energia elétrica não precisa abandonar o texto. Nem o Mercado Livre. Há modalidades para se encaixar no Mercado Livre que nem todos os executivos e gestores conhecem, mas que estão ganhando cada vez mais espaço, especialmente após a pandemia, quando mais organizações perceberam a importância de zelar pelos custos.
São duas possibilidades. Uma delas ainda é pouco comum, mas vem ganhando espaço e tende a crescer na Serra Gaúcha.
Comunhão de fato
Trata-se da “comunhão de fato”, mecanismo adotado pelas indústrias consumidoras localizadas em áreas contíguas, ou seja, unidades que são vizinhas. São empresas distintas que se unem para que, somando a demanda contratada, consigam carimbar a migração rumo ao Mercado Livre. Esse de fato é o grande potencial que começa a ser desbravado pelas companhias.
Grande potencial a ser desbravado, destaca Luiz Alberto Krummenauer
“Caxias do Sul tem a característica de sediar muitas empresas adjacentes e com cargas de consumo de energia elétrica que, isoladamente, não viabilizam o Mercado Livre, mas, somadas, sim. Com o surgimento de muitos pavilhões, com várias indústrias em formato de condomínio, esse também é um mercado que vai crescer muito”, explica Luiz Alberto Krummenauer, gerente comercial da Perfil Energia, de Caxias do Sul, maior gestora independente de energia elétrica do sul do país.
Nessa modalidade, de comunhão de fato, várias empresas em uma mesma quadra, no mesmo lado da rua, podem se unir, desde que situadas em terrenos contíguos ou adjacentes (fundos ou lado). Caso uma companhia não aceite, ela interrompe o fluxo com as demais ao seu lado.
“Numa mesma quadra, quatro ou cinco empresas podem migrar e se beneficiar desse mercado”, ilustra Luiz Alberto.
O gerente comercial relata que a Perfil Energia já conta com clientes nessa modalidade.
Mais de R$ 100 mil de economia em um ano
Em Igrejinha (RS), essa estratégia da “comunhão de fato” garantiu equilíbrio financeiro a um conjunto de empresas situadas lado a lado. A decisão mostrou-se acertada e determinante em tempos de Covid-19, uma vez que o turismo foi duramente impactado. A tática conjuga economia e utilização de energia de fontes renováveis.
Dessa forma, há um ano, um condomínio formado por dois grupos de empresas, tendo como gestor e locatário o mesmo empresário, identificou o potencial de reduzir a conta de energia elétrica, assegurando sustentabilidade econômica aos negócios.
Alles Blau Shopping a Céu Aberto adotou estratégia e garantiu sustentabilidade financeira
O complexo Alles Blau Shopping a Céu Aberto tem seu consumo divido em duas medições, sendo uma do restaurante Rota da Serra e a outra do posto de combustível Alles Blau. A modalidade “comunhão de fato” permitiu somar o consumo e alcançar a demanda necessária para o ingresso no Mercado Livre de Energia. A fatura já vem detalhada para cada negócio. E o resultado no caixa surpreendeu, redirecionando investimento para outras áreas.
Em uma das medições, que compreende o restaurante, a economia em 12 meses foi de R$ 66,6 mil. A segunda medição, (posto de combustível) alcançou R$ 43,1 mil de redução na conta de energia. Ou seja, no total, houve uma redução com custo de energia elétrica de R$ 110 mil em 12 meses, valor poupado de forma proporcional por todos os integrantes do complexo turístico.
A estratégia, a partir da consultoria da Perfil Energia, deu tão certo que um novo atrativo está em construção na proximidade do posto de combustíveis Alles Blau, agregando-se ao paradouro turístico. Trata-se de um parque de diversões, com previsão de estreia ainda em 2023, que também integrará o modelo de comunhão de fato no Mercado Livre de Energia, já nascendo com economia nessa importante rubrica que compõe os custos das empresas: energia elétrica, que por vezes só perde para o quesito “folha de pagamento de pessoal”.
“Naquele momento da pandemia, com hotel e restaurantes fechados, além de muita apreensão, os diretores precisaram tomar uma decisão pela preservação dos negócios, e desde o primeiro mês já se percebeu o benefício na redução da fatura de energia elétrica numa média de 30%”, lembra Daniel Cardoso, gerente administrativo da Perfil Energia.
Comunhão de direito
Já a segunda alternativa, a “comunhão de direito”, é a que predomina hoje no Mercado Livre de energia elétrica. Consiste na união de unidades consumidoras de um mesmo grupo empresarial, ou seja, com a mesma raiz de CNPJ. Não precisam estar próximas umas das outras. Isso já é bastante comum com redes de supermercados, farmácias, shoppings, grupos industriais, por exemplo, atendidos pela Perfil Energia.
“Atingimos a maturidade em relação ao Mercado Livre. Os mitos foram superados. Não se fica mais desconfiado. Nos últimos quatro ou cinco anos, cresceu em 250% o número de empresas que aderiram ao Mercado Livre de energia elétrica. Com isso, agora pode-se atingir o outro degrau, que é buscar alternativas para se encaixar na legislação e se beneficiar desse setor”, explica Luiz Alberto Krummenauer.
Entenda melhor
Os consumidores especiais do Mercado Livre (demanda mínima de 500 kW) têm a vantagem de poder comprar energia de fontes renováveis, diminuindo impactos negativos para o planeta. O Mercado Livre é um ambiente de contratação em que os consumidores podem adquirir energia elétrica diretamente dos geradores ou comercializadores, por meio de contratos bilaterais livremente firmados.
A principal vantagem nesse ambiente é a possibilidade de o consumidor escolher, entre os diversos tipos de contratos, aquele que melhor atenda às suas expectativas de custo e benefício, garantindo contratos longos e previsibilidade orçamentária.
Com mais concorrência, a diminuição média na fatura é de 33% em comparação ao mercado tradicional, em que a energia elétrica é adquirida da distribuidora local.
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