Repensar hábitos, reduzir o consumo, recusar produtos que prejudicam a natureza, reciclar e reaproveitar materiais. As palavras integram o vocabulário da psicóloga Tatiana Rocha Netto, que lança ao público o mais novo espaço voltado à moda circular em Caxias do Sul. Oferecendo curadoria de peças exclusivas, o Brechó 997 abre as portas nesta segunda-feira, dia 5 de setembro, às 17h, com happy hour de inauguração para convidados.
Localizado na Rua Pedro Tomasi, nº 997, esquina com Os Dezoito do Forte, no bairro Exposição, o brechó conta com mais de mil itens de vestuário no acervo, além de calçados e acessórios. A maior parte do portfólio foi adquirida por Tatiana em um processo de garimpo de peças de marca, levando em conta questões como qualidade, estética e bom estado de conservação.
"Comprar de brechós é consumir de forma inteligente, é ressignificar o que já existe. Muita gente tem aprendido a apreciar essa cultura, assim como eu aprendi. O ideal é que a pessoa nos visite com tempo, porque a diversão do garimpo é mergulhar nesse mundo e procurar uma peça única, que converse com sua personalidade", convida Tatiana.
Espaço idealizado por Tatiana Rocha Netto conta com mais de mil peças (foto: Fabio Grisson)
A paixão pela cultura dos brechós começou há cerca de 15 anos, durante uma viagem a São Paulo que a psicóloga fez com o filho. Na ocasião, eles visitaram diversos estabelecimentos que já apostavam na economia circular como alternativa sustentável para o planeta. A explicação para o conceito está no próprio nome. Ao contrário da lógica linear de consumo, em que produtos são comprados, usados e descartados (um processo com início, meio e fim), a moda circular tem como objetivo a circulação de roupas, calçados e acessórios.
Entre os benefícios da reutilização de roupas está a redução no uso de matérias-primas de origem animal ou vegetal, bem como de produtos químicos para lavagem e tingimento de peças. Conforme relatório do Fórum Econômico de Davos, publicado em 2021, a indústria têxtil é o terceiro setor mais poluente do mundo, atrás apenas da indústria alimentícia e de construção. Não por acaso, a preocupação ambiental tem impulsionado o setor de "segunda mão". Conforme levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal, o mercado da reutilização cresceu 48,5% de 2020 para 2021 no Brasil.
"Pense o seguinte: quando vamos a um restaurante, utilizamos talheres que já foram usados por outras pessoas antes de nós. Por que não fazer isso também com peças de roupas? Já pensou o quanto essa reutilização favorece o meio ambiente? Pode parecer pouco, mas é por meio de pequenas ações que fazemos algo grandioso", reflete Tatiana.
Conforme a idealizadora do Brechó 997, cada peça à disposição do público tem uma história própria, o que torna o ambiente ainda mais instigante. Exemplo disso é um par de vestidos de noiva que pertenceu a uma princesa da Festa da Uva.
Memória viva
Não bastasse a motivação pelo consumo consciente, a visita ao novo brechó também é um passeio que vale pela preservação da memória. O estabelecimento está localizado em um antigo casarão de esquina construído na década de 1940, no bairro Exposição. A residência pertencia originalmente ao casal Mário Jorge Fernandes da Rocha Netto e Enira Villas Boas da Rocha, sogros de Tatiana.
O local passou por uma série de melhorias para receber o empreendimento. No interior do brechó, foram mantidas peças da mobília original e itens decorativos. Uma das paredes, por exemplo, foi enfeitada com louças e porcelanas de família.
Os preços variam, com itens comercializados a partir de R$ 10.
