Não há município da Serra que tenha passado incólume às medidas de restrição contra a Covid-19. Em Bento Gonçalves, foram 2,6 mil demissões com o fechamento de cerca de 30 empresas em função da crise, que deixou "efeitos devastadores", revelou o presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), Rogério Capoani, ao participar de live promovida pelo Instituto Alta Política.
A despeito do cenário difícil, o dirigente enalteceu a postura do empresariado da Serra e as ações desenvolvidas por entidades para amenizar as perdas com a crise. A luta da classe no momento mira em formas de vencer os desafios impostos pelo coronavírus, com o olhar voltado à retomada econômica.
"Num primeiro momento, a ideia é que os negócios tenham sobrevida, depois o pensamento é de aproveitar as possíveis oportunidades para crescer a longo prazo", disse o dirigente.
Capoani destacou o foco na retomada do setor moveleiro, um dos principais motores industriais da cidade, que foi obrigado a enxugar o quadro de funcionários e investir com mais força no e-commerce. Há também um movimento para ofertar o turismo industrial, com a criação de um museu com maquinário antigo.
"É algo fabuloso. Nós estimulamos a busca por novas práticas, inovação, uso de tecnologia, são formas que podem ajudar. Nós sabemos que o consumo mudou muito, o perfil online é importante também para o comércio e nós precisamos renovar algumas práticas. Nas feiras, também estamos pensando formas de otimizá-las, oferecendo já recursos para o expositor ter mais um canal de venda online. São coisas que só uma crise oportuniza para pensarmos diferente, sair de um contexto que estamos acostumados", analisou Capoani.
O empresário reforçou ainda o espírito coletivo que se espalhou na cidade por meio do Unidos por Bento, movimento liderado pelo CIC-BG que arrecadou quase R$ 700 mil para a construção de 40 leitos emergenciais e para a aquisição de testes da Covid-19 e de equipamentos de proteção individual.
O presidente do CIC-BG demonstrou preocupação com a cadeia de eventos, impactada pela proibição de aglomeração de pessoas, e acredita que os últimos quatro meses do ano serão decisivos para que a roda do setor comece a girar, movimentando hotéis, restaurantes e toda a cadeia turística.
“Os eventos estão na nossa pauta para a retomada, estabelecendo um protocolo de segurança para começar a se recuperar. Economia também é saúde", comentou.