POR MARCOS FERNANDO KIRST
A imagem está viralizando no mundo inteiro desde esta segunda-feira, 8 de março. O fato ocorreu em Mianmar (a antiga Birmânia), país situado no sudeste asiático que sofreu um golpe militar em 1º de fevereiro, quando o Exército tomou o poder e destituiu o presidente Win Myint e todo o seu governo, juntamente com a Conselheira de Estado Aung San Suu Kyi (Prêmio Nobel da Paz em 1991). O governo havia sido eleito democraticamente em 2020.
Desde então, a população tem saído às ruas em todo o país, em manifestações pelo retorno da democracia e pela restituição ao poder dos líderes eleitos. O Exército, claro, tem reprimido com violência os atos e já acumula vítimas fatais.
A foto mostra a freira católica Ann Rose Nu Tawng ajoelhada frente aos soldados do Exército que se preparavam para reprimir (com a violência usual) os manifestantes nas ruas da cidade de Myitkyina, no norte do país, na segunda-feira à tarde. Ela implora que eles poupem as crianças, que também estavam nas ruas, junto aos manifestantes. “Em vez disso, atirem em mim”, disse ela.
A freira tem 45 anos e decidiu agir quando viu os soldados começarem a perseguir as pessoas para prendê-las. Não atiraram nela. Mas seguiram reprimindo e pelo menos dois manifestantes foram mortos, um deles com um tiro na cabeça, ao lado da religiosa.
“Eu me ajoelhei… implorando que não atirassem e torturassem as crianças, mas que atirassem em mim e me matassem”, declarou ela nesta terça-feira para a imprensa internacional.
A situação em Mianmar segue tensa e perigosa para a democracia, para as crianças, para os cidadãos e para as raras pessoas ainda abastecidas de empatia e preocupação com o próximo, como a irmã Ann Rose, que, no Dia Internacional da Mulher, mostrou ao mundo o que significa a determinação e a coragem feminina.