Por Marcos Fernando Kirst
Muito se falou na imprensa internacional neste mês (inclusive neste site) sobre a passagem dos 50 anos da dissolução dos Beatles, data oficializada em 10 de abril, por ocasião do anúncio feito por Paul McCartney de que estava lançando seu primeiro disco solo e que não tinha mais intenções de trabalhar junto aos seus demais parceiros de banda. Era o fim de uma era, porém, como se veria com o passar dos anos, não era o fim do sonho (confira matéria no link 50 anos atrás, o sonho Beatle chegava ao fim ).
Menos se falou, no entanto, na imprensa internacional (e também neste site, o que agora rapidamente corrigimos antes que alguém acuse), sobre os 50 anos do lançamento do primeiro disco solo de Paul McCartney, intitulado “McCartney” (e que ficaria mais tarde conhecido como “McCartney I”, porque, uma década depois, pontuando seu ingresso em outra nova fase musical, ele lançaria o “McCartney 2”), levado a público oficialmente em 17 de abril de 1970, uma semana depois da implosão dos Beatles. Falemos, então, sobre isso.
Com aquele seu primeiro disco solo, Paul, ao mesmo tempo em que cimentava na História a saga dos Fab Four, dava início a uma também histórica e longa carreira musical pós-Beatles, permeada por altos e baixos, na ativa até hoje, legando nada menos do que um total de 24 álbuns de estúdio (se contados os sete que produziu junto com sua segunda banda de rock, os “Wings”, que durou de 1971 até 1979). Tudo começou, no entanto, com o ansioso “McCartney” de 1970, no qual Macca desejava se antecipar aos demais ex-parceiros e colocar na estrada sua produção própria, enterrando para sempre a icônica parceria Lennon/McCartney.
No melhor estilo “one man band” (banda de um homem só), Paul enfurnou-se no estúdio e saiu de lá com 13 faixas compostas por ele e instrumentadas só por ele. Ou seja, nenhum músico o acompanhou nas sessões de gravação, tendo ele próprio tocado todos os instrumentos (segundo Paul, foram usados baixo, bateria, guitarra, guitarra solo, piano, mellotron, órgão e até um xilofone de brinquedo). Assim, ele desaguava algumas músicas compostas ainda no período dos Beatles e que não haviam sido aproveitadas nos álbuns da banda e oferecia canções novas.
“McCartney” é considerado uma estreia atropelada, justificada pelo momento tenso de ruptura vivido pelos Beatles, com cada um dos membros da banda correndo para marcar posição ao longo daquele ano de 1970. Paul saiu na frente (sem contar o disco solo de Ringo lançado um mês antes, mas que continha apenas covers de canções tradicionais inglesas, sem oferecer nada autoral), porém, a pressa não foi amiga da perfeição, gestando um álbum inconstante.
Capa do "McCartney I"
Mesmo assim, a estreia conseguiu apresentar faixas que viriam a integrar a lista de clássicos de Paul McCartney, como That Would Be Something, Every Night , Junk e Maybe I´m Amazed (clique nos nomes das músicas para sentir o som).
Em maio do ano seguinte, 1971, Paul viria com seu segundo projeto solo, “Ram”, bem mais coeso. Das sessões de gravação com músicos convidados, pinçou o baterista Denny Seiwell para formar sua segunda banda de rock, “Wings”, tendo a esposa Linda McCartney como membro efetiva (vocais de apoio e teclados) e ainda o guitarrista Denny Laine (ex-Moody Blues).
O primeiro disco do grupo saiu em dezembro de 1971, intitulado “Wild Life”. O Wings se desfez em 1979 e Paul, então, como já foi dito, pontuou o início de sua nova fase solo (que dura até hoje) com o álbum “McCartney 2”. Seu mais recente trabalho, intitulado “Egypt Station”, foi lançado em 2018.
"Wild Life", do Wings
"Egypt Station", de 2018