Depois de colher em 2019 o melhor resultado em suas sete décadas de história, com crescimento de 19,5%, e de projetar para 2020 avanço de 10% em sua receita líquida, as Empresas Randon foram atingidas em cheio pelo impacto das restrições contra a Covid-19 e precisam recuar.
A maior fabricante de implementos rodoviários da América Latina, com sede em Caxias do Sul e presença
no mundo, comunicou aos acionistas e ao mercado que está atualmente impossibilitada de estimar os impactos nas operações para o ano de 2020 e, portanto, cancela suas projeções, divulgadas no último dia 17 de fevereiro. A explicação considera “a incerteza, a volatilidade e o rápido alastramento da pandemia nos mercados em que atua”.
Há dois meses, a companhia previa receita bruta total de R$ 7,7 bilhões e receita líquida consolidada de R$ 5,5 bilhões neste ano. Naquele cenário, os indicadores foram validados no processo de planejamento estratégico e respaldados pela avaliação do cenário macroeconômico doméstico e dos países com os quais o conglomerado mantém relações comerciais.
Porém, o coronavírus parou o mundo e interfere diretamente nas estimativas das empresas, uma vez que, além da estagnação nos negócios e na circulação de pessoas, também inibe investimentos em bens de alto valor agregado por conta do contexto de incertezas. Quem irá investir sem saber do retorno? Ou quem tomará empréstimos com receio do futuro?
Esse recuo nas projeções também interfere diretamente no mercado de ações da companhia. O setor de transportes inevitavelmente é um dos mais atingidos pela crise de saúde mundial, o que fragiliza a economia caxiense, com forte dependência dessa cadeia automotiva pesada.
Suspensão de jornada e demissões voluntárias
Frente a esse momento, a Randon também optou por adotar medidas com impactos em seus 8,5 mil funcionários nas plantas industriais de Caxias, incluindo férias coletivas, home office, flexibilização da jornada e descontinuidade dos contratos de experiência. Decreto municipal permite que as indústrias locais atuem com até 50% dos trabalhadores.
E nesta semana, o grupo anunciou aos profissionais decisões ainda mais drásticas a partir de maio. Entre elas está a suspensão e a redução da jornada de trabalho, amparada em convenção coletiva da categoria, e a abertura de possibilidade de demissão voluntária, assegurando benefícios diferenciados aos trabalhadores que aderirem à proposta, numa estratégia rara e preocupante.
A esperar que o horizonte clareie num futuro próximo.