Foi com o “coração partido” que o proprietário Luiz Adão Merlin tomou uma das mais difíceis decisões de sua vida: o encerramento das atividades do Vivacce Grill, instalado no terceiro andar do Prataviera Shopping, no coração de Caxias do Sul, com acesso tanto pela Júlio de Castilhos quanto pela Sinimbu.
Ao lado da esposa, Gemanir Dall’Acqua Merlin (a “Mani”, para os amigos e os clientes da casa), Adão, como é conhecido pelos assíduos frequentadores do restaurante, servirá o último almoço na próxima segunda-feira (dia 29) ou na terça-feira (30) – no primeiro caso, se a decisão de bandeira vermelha se mantiver e, no segundo, se for revertida para laranja.
Um restaurante tradicional, consolidado, com clientela fiel, com atendimento inclusive aos domingos e feriados, e num ponto estratégico. Tudo ia muito bem, mas nem o Vivacce Grill nem a economia como um todo esperavam tamanho baque. Dentro do setor de alimentação, os estabelecimentos que operam com bufê por quilo foram ainda mais impactados, pelo modelo de negócio com sérias limitações impostas pelas medidas de combate à pandemia, e de difícil transposição para o delivery.
1,56 milhão de refeições já servidas
“Ficamos na contramão, junto com o turismo. Sem munição, é melhor se recolher para não perder a guerra”, justifica Adão, em entrevista exclusiva ao site, referindo-se à despedida.
O empresário tem na ponta da língua números que confirmam a história de êxito de seu restaurante: nos 21 anos de trajetória, sempre no Prataviera, foram servidas 1,56 milhão de refeições, o equivalente a três vezes a população de Caxias do Sul.
Queda de 80% nos negócios
Com as medidas de abre e fecha dos restaurantes, limitação de atendimento e restrições no formato do serviço de bufê, o Vivacce Grill conseguiu se manter no mercado nos últimos meses com muito esforço e determinação.
Mas os prejuízos começaram a falar mais alto, e a preocupação com o futuro do empreendimento e dos seus funcionários de anos, também.
Pudera: antes da crise do coronavírus, o estabelecimento chegava a servir de 150 a 170 almoços diariamente, número que caiu drasticamente (cerca de 80%) depois das novas regras de isolamento social. Com isso, recentemente, a média é de 30 a 35 refeições vendidas diariamente, com faturamento insuficiente para manter a estrutura de aluguel, matérias-primas, encargos e serviços.
“Vinha tendo perdas diárias. Somando tudo, o prejuízo com o fechamento do restaurante é de R$ 130 mil”, lamenta.
A decisão se dá no sentido de “estancar o rombo” e garantir as indenizações aos sete funcionários da casa. O ponto, consolidado, não foi vendido devido ao contexto difícil, nem mesmo a marca. Apenas será fechado e entregue a sala, cuja destinação ainda está em análise pelo Prataviera.
Casal Mani e Adão: simpatia pautou a gestão cotidiana do restaurante (crédito da foto: Luiz Chaves)
Retorno não está descartado
Há 21 anos, quando resolveu empreender na área alimentícia, Adão já trazia uma história profissional atuando por 22 anos como bancário, acumulando experiência com números, o que lhe ajudou a gerenciar seu restaurante, ao lado da habilidade da esposa Mani com receitas e temperos.
Toda essa expertise deixa um legado ao setor de alimentação da Serra, mas essa história pode não se encerrar aqui. O empresário não descarta a possibilidade de reabrir o restaurante em outro cenário pós-pandemia, em outro endereço e num formato menor, até porque a marca Vivacce Grill continua sob o domínio da família.
“As pessoas vão mudar os hábitos, vão se adaptar, mas o mercado vai voltar”, projeta.
No momento, mesmo com o coração apertado, Adão e Mani estão focados em agradecer a cada cliente que confiou em seu acolhimento, na farta gastronomia oferecida e garantir uma despedida com uma boa pitada de confiança no futuro.
Outro restaurante tradicional, também de bufê a quilo, que fecha as portas a partir de segunda é o Colina Grill. Leia matéria: