Após três semanas consecutivas na bandeira vermelha, o comércio não essencial de Caxias do Sul comemora o retorno à bandeira laranja a partir desta terça-feira, permitindo o atendimento presencial com 50% dos funcionários na semana do Dia dos Pais.
Trata-se de um alento a um setor que há mais de quatro meses vem sofrendo com o abre e fecha de portas, mas a decisão está muito longe de representar um momento exuberante de negócios.
Mesmo em bandeira laranja, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias projeta queda de 30% nas vendas para o Dia dos Pais em comparação com 2019. Se a bandeira vermelha tivesse se mantido, o tombo seria maior, de 50%, uma vez que o público ainda prefere comprar em lojas físicas.
Os dados apáticos estão conectados ao momento de incertezas financeiras vividas pelas famílias, já que 64% dos caxienses tiveram redução acentuada na renda por conta do coronavírus. Segundo pesquisa de intenção de compras promovida pela CDL Caxias, realizada de 18 a 23 de julho, somente 39,32% dos entrevistados afirmaram que pretendiam presentear no domingo (9) do Dia dos Pais. No ano anterior, essa pretensão era de 63,68% dos clientes ouvidos no estudo.
“O consumidor está com dificuldade de decidir o que fazer e isso traz um desempenho negativo para economia como um todo. Estamos olhando para o resultado econômico de uma cidade, que depende da arrecadação dos diferentes setores para operar serviços públicos, entre eles o do comércio, que é responsável por quase 30% do PIB de Caxias do Sul”, destaca o gerente Administrativo Financeiro da CDL Caxias do Sul, Carlos Alberto Cervieri.
O levantamento de intenção de compras aponta que o tíquete médio será de R$ 188 por presente, sendo que 86% dos clientes devem comprar no comércio local. A preferência ainda deve ser pelo atendimento presencial. Apenas 8% pretendem comprar via comércio eletrônico.
“A pesquisa também confirmou que o caxiense não está familiarizado com as formas alternativas de comercialização através de venda online, tele-entrega e pegue-leve. Apesar de quase 49% dos participantes afirmarem que estão comprando mais através do delivery, este volume é direcionado para restaurantes, lancheiras e fast foods, representando 63% das escolhas. Apenas 11% dos entrevistados que passaram a consumir mais por meio da tele-entrega estão comprando vestuário remotamente. Isso comprova que grande parte das vendas ainda acontece de forma presencial”, contextualiza o gerente Administrativo Financeiro.
Itens de vestuário e moda (54%), calçados (16%) e perfumes e cosméticos (15%) devem ser os mais procurados para o Dia dos Pais.
Quase metade dos entrevistados irão parcelar as compras (18% a mais que em 2019), sendo que 40% irão dividir em três vezes. O cartão de crédito deve ser a preferência de 41% dos consumidores. A opção pelo dinheiro caiu 13% e, neste ano, deve ser escolhida por 48% da população.
“Outro fator que nos chamou atenção na pesquisa é que teve uma expressiva redução no número de pessoas que irão parcelar em seis ou mais vezes. Em 2019, 12% dos entrevistados dividiram os investimentos por longos períodos, enquanto que em 2020 isso caiu para 3%, o que demostra que as pessoas estão cautelosas diante das incertezas do cenário econômico”, analisa Cervieri.
A pesquisa de intenção de compras foi realizada com 384 moradores de diferentes pontos de Caxias do Sul, durante o período de 18 a 23 de julho..
Respiro, mas com cautela
Um respiro para a economia. Assim o presidente da CDL Caxias, Renato S. Corso, analisa a decisão do governador Eduardo Leite de acatar recurso e devolver a bandeira laranja à Serra. Porém, o dirigente reforça a necessidade de redobrar a atenção para que as medidas sejam mantidas nas próximas rodadas de avaliação.
“Ficamos contentes com a bandeira laranja, que possibilita que o comércio e os serviços não essenciais possam retomar suas atividades. Mesmo com redução parcial no atendimento, é um alento para dar continuidade aos negócios, especialmente nesta semana em que estamos às vésperas do Dia dos Pais. A prioridade é mantermos as empresas abertas, com todos os cuidados que temos tomado. É o momento de unirmos forças para superar este desafio. Entretanto, esperamos que, urgentemente, o governo do Estado faça um aperfeiçoamento no Modelo de Distanciamento Controlado, tornando-o mais equilibrado com todos os setores da economia”, destaca, referindo-se aos profissionais de eventos e às escolas infantis.
Destaques da pesquisa:
39,32% devem presentear neste Dia dos Pais (em 2019 eram 63,68%);
66% dos presentes serão destinados aos próprios pais, seguido de marido/namorado (23%) e de sogro (7%);
86% dos consumidores vão adquirir produtos/serviços no comércio local;
90% dos entrevistados disseram que suas compras para a data serão afetadas pelo coronavírus, sendo que 50% alegaram que prejudica muito;
O tíquete médio deve ser de R$ 188 por pessoa;
Vestuário e moda (53,79%), calçados (15,91%) e perfumes e cosméticos (15,15%) serão os itens mais procurados;
47% devem comprar na semana do Dia dos Pais (3 a 9 de agosto) e 13,4% na véspera ou no dia;
48,39% dos consumidores pretendem pagar em dinheiro, 40,65% no cartão de crédito e 7,10% no cartão de débito;
89,40% pesquisam produtos e preços antes de adquirir, sendo os principais canais os sites das lojas (36,25%), sites de buscas (26,25%) e mídias digitais, como Facebook, Instagram e WhatsApp (21,25%);
Além do presente, 86,21% pretendem fazer um almoço especial em casa e 10,34% devem fazer a refeição em restaurante;
64,38% dos entrevistados disseram que a Covid-19 afetou a renda da família, 20,84% afirmaram que prejudicou um pouco e 14,78% disseram que não foi impactada.