Mais uma vitória na luta contra o coronavírus. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a produção em série e a distribuição do ventilador pulmonar Frank 5010, desenvolvido por um grupo de professores e engenheiros da Universidade de Caxias do Sul (UCS), além de engenheiros e empresários voluntários, sob orientação da Direção Técnica do Hospital Geral.
O projeto obteve registro publicado no Diário Oficial da União desta terça, 13 de outubro. A partir desse aval, já estão em discussão a produção e a destinação de unidades do aparelho, concebido para o atendimento de urgência e emergência de pacientes acometidos pela síndrome aguda respiratória grave induzida pela Covid-19, com necessidade de intubação. O grupo de gestão do projeto já reuniu-se no final da tarde desta quarta (14) para encaminhar os próximos passos.
Com estimativa de custo de R$ 20 mil por unidade, o grupo de trabalho tem componentes para produzir 50 ventiladores pulmonares nas próximas semanas, quantidade que pode ser aumentada mediante demanda.
Longo percurso
Foram seis meses e meio de trabalho desde a idealização da proposta, em 24 de março. O primeiro protótipo foi apresentado no início de abril, apenas duas semanas após a formação do grupo de trabalho.
Com os aperfeiçoamentos de funcionalidade, confiabilidade e segurança, o laudo técnico foi remetido à Anvisa no final de junho. No mesmo período, o projeto foi um dos quatro do país selecionados para receber aporte de R$ 100 mil do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), da Petrobras, como apoio à pesquisa clínica, registro e fabricação.
"Começamos fazendo determinado produto, destinado ao atendimento emergencial. Porém, à medida em que a pandemia foi sendo melhor entendida, a situação foi mudando. A Anvisa, que tinha flexibilizado parte da norma técnica para equipamentos eletromédicos em 19 de março, voltou a exigi-la completa no começo de julho", explica o coordenador do curso de Engenharia Mecânica e Automotiva da UCS, Alexandre Viecelli, responsável pelo monitoramento dos testes e redação final da documentação, explicando o motivo da extensão do prazo de testes e ajustes.
Parcerias com empresários
Os recursos para o desenvolvimento do Frank 5010 foram disponibilizados pela Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS) e complementados por contribuições do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). Também houve doação de componentes pelas Empresas Randon, pela Viezzer Engenharia e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Caxias Sul.
O desenvolvimento técnico do ventilador pulmonar Frank 5010 reuniu ainda 12 empresários das áreas de engenharia mecânica, eletrônica, pneumática e mecatrônica, da metalurgia, usinagem de alta precisão e tecnologia da informação. Cerca de 30 outras empresas e pessoas físicas contribuíram no andamento do projeto.