Apesar do retorno da cogestão e da flexibilização no atendimento de setores não essenciais no Modelo de Distanciamento Controlado do RS, o ramo da gastronomia não digeriu bem as novas normas que passam a valer a partir desta segunda-feira.
Isso porque, após três semanas sem atendimento presencial, apenas nos modelos de tele-entrega e pegue e leve, o segmento de gastronomia aguardava com ansiedade uma maior flexibilização da atividade.
Porém, o novo decreto do governador Eduardo Leite para bandeira preta, com possibilidade de atuação em bandeira vermelha em cogestão com os municípios, determina que os restaurantes, bares e afins só podem atender de forma presencial até as 18h durante a semana. Depois, até as 20h, em formato de pegue e leve e, além desse horário, somente em delivery. Estabelecimentos gastronômicos também estão impedidos de receber clientes nos finais de semana e feriado de Sexta-Feira Santa.
Ou seja, as restrições para atendimento noturno e nos sábados e domingos em restaurantes seguem bem rígidas. Sabendo de antemão dessas diretrizes do governo gaúcho, o setor de gastronomia endereçou já na última quinta-feira (dia 18/03) ao prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, manifesto expondo as dificuldades vivenciadas pela categoria, “transformada em vilã”, ao longo de mais de um ano. Foi uma das primeiras a serem impactadas pelas medidas de isolamento, ainda em março de 2020.
O documento é assinado por Vicente Perini Filho, presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (SEGH) - Região Uva e Vinho, e Guilherme Cenzi, representante do setor de Gastronomia.
“Nesta segunda onda, são 30 dias de terror, faturamentos extremamente baixos, a queda está próxima a 92%, o cenário é preocupante, estimando falência de mais de 35% das empresas e 40% em demissões. Não é uma segunda onda, para nós é um segundo soco, pois acreditamos que iria começar a melhorar”, detalha o documento, complementando:
“...para nossa surpresa, a gastronomia noturna está fora, como se fôssemos os culpados – novamente. Não estamos aqui para apontar outros setores, mas para sinalizar alguns absurdos que observamos, como atividades e festas clandestinas, a lotação nos ônibus, filas, aglomerações, etc de outras categorias”.
No documento, a categoria salienta que o nicho de telentrega tornou-se complicado, sendo dissipado por milhares de restaurantes fantasmas, via aplicativos, sem arcarem com toda a legalidade com impostos e outros custos.
“É uma concorrência absurdamente desleal e injusta. Lembrando que nós, devidamente registrados somente em adequações exigidas pela prefeitura, por meio da vigilância sanitária, temos um custo entre R$ 12 mil e R$ 25 mil para melhorias sanitárias. E dependemos fundamentalmente de clientes presenciais”, aponta.
No manifesto, a categoria da alimentação salienta que é menos arriscado ir a um restaurante com todas as regras e normas sanitárias e de distanciamento do que abrir espaço para encontros clandestinos entre amigos.
“O vírus não é noturno. E por incrível que pareça: nós diminuímos a clandestinidade”, declara.
O SEGH representa 1.820 empresas, que geram cerca de 10 mil empregos diretos e impactam 35.460 pessoas, considerando as famílias que dependem deste setor, integrante fundamental da engrenagem do turismo.
Junto ao documento enviado ao prefeito, o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (SEGH) - Região Uva e Vinho aponta sugestões para permitir minimamente a atuação da gastronomia:
- Atendimento presencial de 25% lotação conforme PPCI e até 90 pessoas
- Ingresso no estabelecimento até 21h e permanência até as 22h30min
- 6 pessoas por mesa, com espaçamento entre as mesas de dois metros
- Controle intensivo, com uma pessoa responsável para orientar e fiscalizar os
clientes e a sanitização regularmente da casa
- Autofiscalização com vídeos diários para mostrar ocupação e clientes e
funcionários cumprindo o protocolo.
- Assinatura de um termo junto à prefeitura, onde o estabelecimento se
compromete com o formato autorizado de atendimento, protocolos e regras atuais
devido à pandemia.
Ocorre que as questões específicas de horário de funcionamento precisam respeitar decreto estadual, não cabendo aos municípios possibilidade de cogestão além desse teto. Abaixo o que consta no decreto estadual para atuação na bandeira vermelha. A flexibilização pode encontrar um meio-termo entre essas regras e às da bandeira preta, mas nunca ultrapassando a diretriz do governo estadual.
Restaurantes, bares e lanchonetes etc.
• De segunda a sexta-feira: pode receber clientes presencialmente, com restrições, das 5h às 18h. Estão liberadas as modalidade takeaway (pegue e leve) e drive-thru entre as 5h e as 20h.
• Sábado, domingo e feriado: ficam fechados para clientes presenciais. Estão liberadas as modalidade takeaway (pegue e leve) e drive-thru entre as 5h e as 20h.
• A modalidade de tele-entrega não tem restrições de horário.